
Espetáculo “Maurice”
“Maurice” é quase um drama autobiográfico inspirado na obra do escritor inglês E. M. Foster, que narra a trajetória de auto descoberta e aceitação da sexualidade de um jovem aristocrata inglês. Maurice Hall, personagem-título e álter ego de Forster, um jovem da alta burguesia rural inglesa que perdeu o pai ainda na infância e é criado sem uma referência masculina forte. Quando ele então atinge a idade adulta, vai estudar em Cambridge, onde na tradicional cidade universitária, conhece Clive Durham, aristocrata por quem se apaixona e com quem vive uma história de amor clandestina e platônica, embora partilhada.
A Cia. de Teatro Sala 3, sob direção de Altair de Sousa, formada por artistas profissionais da área teatral goianiense, apresenta seu espetáculo, Maurice, um projeto independente da Cia., a fim de abordar questões que circundam importantes discussões no atual panorama social, tais como a diversidade sexual, cultural e religiosa e seus recorrentes desdobramentos reacionários como o preconceito e a intolerância às diferenças.
O ápice de nossas aspirações, com a presente proposta, concentra-se em estimular a sensibilidade e a apreciação estética promovida pelo espetáculo, problematizando e
trazendo à tona formas de comportamento, ensejos, reflexões críticas acerca da vivência do espectador adulto que já possui uma vasta bagagem cultural.
A abertura a esse diálogo sensível, através da arte teatral, tem, como princípio, evocar uma reflexão crítica e uma autonomia para a própria leitura de mundo, descortinando temáticas que permeiam seu universo ainda de modo sombrio, reprimido e cristalizado em tabus.
Voltado ao público adulto, "Maurice" traz uma reflexão sobre paixão, amor, sexualidade, coação, preconceito num cenário histórico referente à sociedade inglesa do início do século XX, traçando sentido implícito, um paralelo com a realidade atual e universal. Nesse eixo que atravessa culturas, tradições e períodos distintos é possível observar o quanto o tema da sexualidade, em suas diversidades, provoca padrões de comportamento excludentes que atravessam gerações promovendo o convencionalismo e a desinformação, acompanhantes iretos das reflexões unilaterais. E Maurice surge de uma conexão híbrida de linguagens artísticas, com enfoque na inserção, em diferentes panoramas, das novas mídias e recursos tecnológicos a fim de atribuir diferentes ângulos e perspectivas à trama.
MAURICE partiu inicialmente de um aprofundamento sobre a obra do escritor inglês Edward Morgan Forster, que foi um romancista Inglês, contista, ensaísta e libretista. Ele é mais conhecido por seus romances irônicos e bem desenhados examinando a classe diferença e hipocrisia da sociedade britânica no início do século 20. A partir do romance Maurice (1971) que foi publicado postumamente é que surgiu a ideia de transformar em teatro uma história de amor homossexual que também retorna para assuntos familiares dos primeiros três romances de Forster.
A partir da obra de um dos maiores romances da literatura mundial surge o espetáculo Maurice com a proposta de construção de uma linguagem cênica que pretende abordar e debater questões vigentes na sociedade há séculos, e parece ter alcançado na atualidade, seu ápice no que concerne a opiniões antagônicas e embates de posicionamentos conflitantes, e o espetáculo abre portas para abordar a temática da homossexualidade, numa reflexão sobre sexualidade, repressão, preconceito e a intransigência às diferenças num cenário histórico referente à sociedade inglesa do início do século XX, traçando entrelinhas, um paralelo com a nossa atualidade.
A dramaturgia é mais que um elemento revelador no conjunto da obra, sendo desenvolvida pelo ator e dramaturgo goiano Andreane Lima, que foi escolhido a dedo pela Cia. de Teatro Sala 3 para desenvolver o texto com intuito de manter a função e objeto desse espetáculo que é a história lenta de auto descoberta e aceitação da sexualidade deste jovem aristocrata inglês.
A montagem do espetáculo Maurice, entende que o momento atual é propício para a reflexão e debate acerca dessas dicotomias sociais ainda altercadas entre âmbitos de “certo e errado”; do “bem e do mal”; “dominantes e dominados”, “razão e emoção” entre outras várias segregações existentes, a partir de uma experiência artística que promova o alcance a reflexão e sensibilização, instigando tomadas de posicionamentos que não sejam unicamente movidas pelo senso comum, promovendo através da concepção cênica conteúdos reflexivos que apontem para uma direção acima de tudo humanista e agregadora que produz diálogos e incita a reflexão antes de qualquer tomada de atitude.
No fim o que se vê é uma obra híbrida, fundindo as linguagens do teatro, da literatura e do cinema, valorizando não mais somente o formato, mas também e principalmente a situação do que não se não se pode mostrar e talvez o que se pode infringir estabelecendo então uma desconstrução da quarta parede, onde a relação de cumplicidade com a plateia é o único canal de verdade que Maurice teria para expor suas inquietudes.
A Cia. de Teatro Sala 3 percebe a arte teatral como importante instrumento de reflexão social, cultural e política. Excluir o sujeito em processo de formação dessa reflexão é descaracterizá-lo em seu potencial reflexivo, crítico e transformador.
A adaptação da obra de E. M. Forster explora temas como sexualidade, repressão e preconceito, traçando paralelos entre a sociedade inglesa do século XX e a atualidade. A montagem busca estimular a reflexão crítica e o diálogo sobre diversidade e inclusão.
Serviço:
Data: 21/10/2024 às 20:00h e 22/10/2024 às 20:30h
Classificação Indicativa: 14 anos
Local: Centro Cultural UFG
Entrada Gratuita.