Convite

26º Salão Anapolino de Arte – edição artistas goianos

Evento

: Centro Cultural UFG - Av. Universitária, nº 1.533 - Setor Leste Universitário, Goiânia - GO, CEP: 74605-220

: 03 de Março 2023 às 19:21 a 06 de Abril 2023 às 19:22

Nesta sexta-feira (3/3) ocorre abertura do 26º Salão Anapolino de Arte no Centro Cultural UFG

A mostra itinerante apresenta exclusivamente trabalhos de artistas goianos

Inaugura mostra itinerante no Centro Cultural da UFG, evento de abertura acontece nesta sexta, 3, a partir das 19h; nesta edição são apresentados, exclusivamente, trabalhos de artistas goianos.

 

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“Máquina de ar” (à esq.), da artista anapolina Tatiana Susano, discute a produção de alimentos e a devastação do meio ambiente; em “Hóspede”, Isabella Brito evoca as marcas do tempo e ação dos insetos: abandono e fragilidade

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“Sem título” e “Vasilha de Sonhar” são trabalhos de André Felipe Cardoso e Manuela Costa, respectivamente: artistas premiados na categoria Mostra Goiás

O Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG) recebe, até 6 de abril, a mostra do 26º Salão Anapolino de Arte, após sua realização em Anápolis, na Galeria Antônio Sibasolly, entre novembro e o final de fevereiro. O evento de abertura acontece nessa sexta-feira, 3, a partir das 19h. Realização da Associação Amigos da Galeria Antônio Sibasolly e Prefeitura de Anápolis – a exposição reúne trabalhos de 12 artistas goianos e, também, apresenta obras de Luiz Mauro - artista convidado -, que tem seu nome marcado na história da arte regional. Esta é a segunda edição itinerante do Salão Anapolino em parceria com o CCUFG.

Nas salas de exposição, o visitante vai passear em meio a instalações, vídeos, fotografias, objetos e desenhos. Em um formato mais enxuto e priorizando a arte contemporânea produzida em Goiás, o evento, que conta com recursos do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás (FAC Goiás), está organizado em duas modalidades – Goiás e Fomento à Produção Anapolina.

Os artistas que integram a mostra são André Felipe Cardoso (Prêmio Mostra Goiás), Bicha Branca da Mata, Coletivo Maskarada, Glayson Arcanjo, Isabella Brito (Prêmio Fomento à Produção Anapolina), Kassius Bruno, Matheus Pires, Manuela Costa Silva (Prêmio Mostra Goiás), Rafael de Almeida, Raquel Rocha, Rondinelli Linhares e Tatiana Susano (Prêmio Fomento à Produção Anapolina).

“A proposta do Salão Anapolino, nesse ano, para além da visibilidade, busca empoderar a representatividade emergente na prática artística na atualidade em Goiás”, afirma o curador Paulo Henrique Silva. Acrescenta que o processo curatorial se orientou a partir da escolha de artistas que, de alguma forma, seja por meio de suas narrativas poéticas ou pela própria fatura de suas obras, apresentassem trabalhos capazes de abordar questões eminentes aos desafios de sobreviver às imposições institucionais e mercadológicas de uma cultura sudestina e globalizada.

Essa polarização que prioriza a produção do Sudeste, por muitas vezes, asfixia o artista interiorano, tirando sua voz e o seu lugar de fala, em uma história da arte que ainda é escrita sob espectros de uma colonização intelectual, afirma Silva.
Uma vontade de contar histórias e explorar o repertório visual das fazendas abandonadas e lugares esquecidos dos interiores de Goiás antes da eletricidade e do asfalto, lugares que são evocados pelas memórias e histórias de familiares e amigos. Assim surgiram “Marimbondos” e “Hóspede”, trabalhos da anapolina Isabella Brito. Essas memórias e afetividades pertencem ao universo de Isabella, mas bem podem ser de quem está ali, a olhar os trabalhos. Em “Marimbondos”, a artista revisita um quarto escuro com uma cama de casal pertencente aos seus avós. Na cabeceira da cama, existem duas caixas de marimbondos, tornando impossível o uso da cama como um local seguro para o descanso.


No segundo, uma mala de viagem de mais de um século guarda em seu interior pedaços de cupinzeiros abandonados. Uma cápsula do tempo, oferece com generosidade a ruína e contaminação. “Ambos rememoram o tempo e as marcas que ele deixa em tudo e todos durante sua passagem, junto com as pragas, como símbolos de destruição e descuido, uma maneira de pensar a fragilidade e o acaso como pontos de inflexão nas tragédias pessoais”, analisa a artista.
O tempo, esse ser não-ser que em si contém a possibilidade de todas as durações, filosofa Fernando Pessoa, também é a matéria-prima do fazer artístico de André Felipe Cardoso. O artista de Minaçu, no norte de Goiás e que hoje reside na Cidade de Goiás, diz que seus processos de apropriação são como uma epifania na superfície das coisas calejadas pelo tempo. “Traço andanças-coletoras entre os territórios que perpassam os frágeis limiares entre vínculo, apagamento, pertencimento e mudança”, afirma.


O artista apresenta cinco trabalhos inéditos no 26° Salão Anapolino de Arte, todos produzidos no ano de 2022 em diversos contextos de deslocamentos e refletem sobre suas relações com o Cerrado, as possibilidades de repensar objetos encontrados nas andanças que faz, utilizando técnicas antigas de cestaria que compõem sua ancestralidade norte-goiana quilombola. Sua produção artística trás cargas simbólicas aplicadas principalmente nos materiais que pesquisa e utiliza.
As memórias, os vínculos, o esquecimento, as paisagens e as mudanças são evocadas em colagens, instalações, apropriações, ações e produção de objetos. “Em minhas narrativas, O presente e o passado se interligam gerando ressignificações das experiências vividas e das histórias herdadas, redefinindo espaços e interações”, afirma André Felipe.

Lembranças e sonhos

Tatiana Susano compõe, junto com Isabella Brito e Rondinelli Linhares, o núcleo anapolino do Salão desse ano. A artista traz para reflexão um dos temas que mais tem preocupado a humanidade: a relação entre sociedade e meio ambiente. A instalação “Máquina de ar” questiona a maneira como a produção de alimentos, em especial a carne bovina, altera a paisagem. “A composição foi pensada de maneira a formar uma linha do horizonte onde é possível avistar dez possíveis Brasis completamente devastados pelo fogo”, conta Susano, egressa da Escola de Artes Oswaldo Verano, espaço que a estimulou a se dedicar às artes visuais.

A quarta premiada nessa edição é Manuela Costa Silva, jovem artista multimídia, que busca recuperar, acessar e atualizar os símbolos, mitos e arquétipos primordiais do inconsciente pessoal e coletivo para compor sua narrativa discursiva e tensionar intersecções entre a criação, a morte, a cura, o sagrado, o selvagem, o gênero e a espiritualidade. Sua produção artística gira em torno de processos e práticas acionadas por seu contato com as águas profundas do inconsciente.

“Meu fazer artístico nasce das experiências interiores. A pesquisa consiste na investigação, absorção e metabolização em artes visuais, dos conteúdos psíquicos pessoais e coletivos, que alinham o macro ao micro, o exterior ao interior, o natural ao sobrenatural”, analisa.

Nesse trânsito entre o abissal e a superfície, a artista dá protagonismo à poética do onírico, do sobrenatural e da imaginação criadora, para reivindicar, na arte, sua legitimidade concreta na subjetividade pessoal e coletiva. Rede-Canoa, “Vasilha de Sonhar”, obra que Manuela apresenta nesse Salão, é um veículo com o saber poético de transitar entre as águas materiais e as oníricas.

Dentro das entranhas amnióticas da rede, de sua barriga, de seu ventre e de seu útero são capturadas e gestadas conchas inscritas de sonhos. “Esses registros oníricos são sintoma, memória e matéria de poesia da diluição de um si mesmo, que se fragmenta se expande e se aprofunda do inconsciente pessoal ao coletivo”, explica.

Artista convidado

Há algumas edições, a curadoria do Salão Anapolino de Arte instituiu o Prêmio Artista Convidado, uma forma de homenagear personalidades de relevância na cena goiana e de adquirir trabalhos importantes para enriquecer o acerco do Museu de Artes Plásticas de Anápolis (Mapa), em sintonia com ações de ampliação e valorização do espaço. Neste ano, o nome apresentando nessa categoria é Luiz Mauro, um dos mais representativos do Centro-Oeste, com uma carreira profícua, construída a partir da década de 1980.

Para o 26º Salão Anapolino foram escolhidos quatro trabalhos que integram a série “Ateliê”, apresentada pela primeira vez na Maison Européenne de la Photographie (MEP), em Paris, no ano de 2015, e também exibida no CCUFG, em 2018. As obras retratam os ambientes de criação dos artistas Benjamin Johnston, Georgia O'Keef, Regina Silveira e Rubem Valentim. Uma das principais abordagens do artista é a transposição de imagens documentais para o universo da pintura e do desenho.
O artista sempre abordou em sua produção a história da arte, a memória, a subjetividade e espaços arquitetônicos. E são estes os elementos presentes nesses desenhos que têm o papel como suporte e recebem várias camadas de nanquim, sendo finalizados com a tinta a óleo. “Trabalhei muito tempo somente com o nanquim, mas só fui conseguir obter o resultado que buscava quando o associei à tinta a óleo, que trouxe mais força e densidade à pintura” explica Luiz Mauro.

Serviço


Abertura da mostra itinerante do 26º Salão Anapolino de Arte – edição artistas goianos


Abertura: 03 de março de 2023.


Horário: 19h.


Local: Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG) –  Av. Universitária, 1533 - Setor Leste Universitário.


Visitação: até 06 de abril – terça a sexta – das 9h às 12h e das 14h às 17h

 

 

Artistas participantes:


André Felipe Cardoso (Premiado)
Bicha Branca da Mata
Coletivo Maskarada
Glayson Arcanjo
Isabella Brito (Premiada)
Kassius Bruno
Matheus Pires
Manuela Costa Silva (Premiada)
Rafael de Almeida
Raquel Rocha
Rondinelli Linhares
Tatiana Susano (Premiada)