Não Posso Esqu cer
Sob a sombra de gameleiras espalhadas por Goiânia, espetáculo reflete força que vem do corpo feminino
Peça Não Posso Esqu cer é experiência cênica sobre corpo, espaço e tempo no meio do caos de uma metrópole; corpo feminino e resistência dinamizam discussão
Um profundo mergulho no corpo faz emergir a força que vem da mulher e da terra por meio do uso de objetos que instigam e exploram possibilidades múltiplas. No espetáculo Não Posso Esqu cer, a doutora e performer Maria Ângela de Ambrosis amplifica a relação entre cidade, árvore e objeto com apresentações em diferentes gameleiras espalhadas por Goiânia. A peça, que teve uma primeira etapa de pesquisa em 2016, agora será relançada no próximo dia 12 de maio, na gameleira do Centro Cultural UFG (CCUFG).
Trabalho desenvolvido pelo olhar de três profissionais das artes cênicas, Maria Ângela, Valéria Braga e Kleber Damaso e com uma extensa programação dividida em diferentes pontos da capital goiana, o espetáculo também parte para mais três árvores da cidade: na Emac (Praça Universitária), Lago das Rosas e Praça Boaventura (programação completa no final do release). O projeto foi contemplado pelo Edital de Demandas Culturais do Fundo de Arte e Cultura (FAC) do Estado de Goiás 2017.
A relação intrínseca entre o corpo feminino e a árvore que resiste ao caos urbano cria toda a trajetória de Não Posso Esqu cer. Para cada apresentação, há a conexão com a gameleira e sua força dominante, em meio ao concreto, evidenciando sua resistência contra as adversidades externas. Elemento este não muito diferente em relação a história cultural do corpo feminino.
Durante o espetáculo há também o uso de bacias e outros objetos (pedras, linhas) que ajudam a compor a narrativa. Os instrumentos foram bastantes explorados como fonte de pesquisa corporal e criação de cena. “Quando nosso olhar voltou-se para a escolha do local do espetáculo, observamos uma gameleira amputada cuja beleza estava também em sua capacidade de regeneração”, explica a artista Valéria Braga, diretora artística do espetáculo.
A música e direção de arte tem papel importante em Não Posso Esqu cer. “Importa o não dito, as dobraduras dos sonhos e os desvios do desejo. Um corpo de mulher plantado em pedras retirando sonoridades subterrâneas. Um deslocamento entre bacias em busca de possíveis mergulhos. Essa é a performance das possibilidades mediante o encontro”, reflete Valéria.
Não Posso Esqu cer abarca toda investigação cênica sobre performance com recursos visuais e físicos que ampliam a relação entre corpo, espaço e movimento. Músicas, interação com objetos e pesquisa de movimento foram fundamentais para a composição da peça. O corpo feminino em perdão, as sorrateiras caídas e levantadas, o ato de perdoar em relação a si desenvolvem a relação da estrutura de todo o espetáculo.
A peça tem dramaturgia e iluminação de Kleber Damaso, direção de arte de Cacá Fonseca, direção musical de Marcos Galvão e preparação corporal de Camila Vinhas Italo. O projeto tem apoio do Fundo de Arte e Cultura de Goiás, pelo Edital de 2017.
Histórico
Em 2016, na primeira etapa do trabalho, foram usadas referências como o Canto do Perdão, canto executado nas cerimônias da Semana Santa em Goiás, o poema Ventania, de Cecília Meireles, o conto do Urso da Meia Lua e a instalação Desert Park de Dominique Gonzalez-Foerster, tendo por base a pesquisa corporal baseada na abordagem Body Mind Centering® para pesquisa de movimento e criação das ações físicas. “Cada mergulho e investigação nestas imagens geradoras traziam novas possibilidades de cena, com recursos sonoros e ações físicas”, revela Maria Ângela.
Quem é Maria Ângela de Ambrosis
Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, Maria Ângela é professora do curso de Artes Cênicas na Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás. Também coordena os projetos de extensão do Grupo IPU – Núcleo de pesquisa Corpo, Jogo e Criação Cênica e Era uma Vez uma História Contada outra Vez. Atua também no espetáculo “Um dia, uma banana…” e já dirigiu outros espetáculos anteriormente, como Maré de Histórias,´”A ilha desconhecida”, entre outros. Integrou também as atividades do Projeto Conexão Samambaia, sob a coordenação de Kleber Damaso, como atriz de um registro cinematográfico.
PROGRAMAÇÃO
Etapa 1
Dias 12, 13, 17, 18, 19, 20, 25, 26 e 27 de maio
Centro Cultural UFG, Av. Universitária, 1533, Setor Leste Universitário
Horário: 18h30
Entrada franca
Etapa 2
Dias 8, 9, 10, 15, 16 e 17 de junho
Local: Escola de Música e Artes Cênicas da UFG (Emac), Avenida Universitária, 1166, Setor Leste Universitário (entrada pelo Museu Antropológico)
Horário: 19h
Entrada franca
Etapa 3
Dias 22, 23 e 24 de junho
Local: Parque Lago das Rosas, Alameda das Rosas esquina com Av Anhaguera, Setor Oeste
Horário: 19h
Entrada franca
Etapa 4
Dia 30 de junho e 1 de julho
Local: Praça Boaventura, Setor Vila Nova
Horário: 19h
Entrada franca
Ficha técnica
Dramaturgia e iluminação: Kleber Damaso
Direção de arte: Cacá Fonseca
Direção musical: Marcos Galvão
Preparação corporal: Camila Vinhas Italo
Arte gráfica e cenotécnica: Audña Abreu
Produção executiva: Marci Dornelas
Assistente de produção: Ana Falluh
Categorias: Aconteceu