Diários de Viagem de Damiana da Cunha
O projeto Diários de Viagem de Damiana da Cunha visa lembrar e refletir sobre essa mulher indígena Caiapó que viveu na Província de Goiás, na passagem do século XVIII para o século XIX a partir de pesquisas, ação educativa, live, oficinas inspiradoras realizadas com mulheres artistas que resultará numa exposição: Imaginar os Sertões de Damiana da Cunha com as obras criadas.
Quem foi Damiana da Cunha?
Damiana, mulher Panará-Caiapó, neta do cacique Angraí-ocha, foi entregue por ele para ser criada pelo governador da província de Goiás, Luís da Cunha Meneses. Nasceu por volta de 1779 e morreu em 1831 (viveu aproximadamente 52 anos). A cristianização de Damiana, no entanto, não levou à perda da sua língua materna e nem a separou do seu povo, considerado bravio e selvagem, um entrave à ocupação colonial da região central do país, o que permitiu que a menina crescesse entre dois mundos diversos e antagônicos: o do branco colonizador e o do indígena, inferiorizado e buscado para ser mão de obra do empreendimento colonizador. Damiana da Cunha, uma mulher de corpoalma dupla.
Muito provavelmente por esse hibridismo cultural – que é também um corpo+alma híbridos –, foi chamada a colaborar em expedições pelo sertões, atuando como força de atração do seu povo para a “pacificação”. É Panará-Caiapó que atua para o aldeamento do seu povo, negociando a sobrevivência do grupo diante da selvageria do colonizador, o que significa também a sua domesticação. Nessa história de contato, pelo que as poucas fontes contam, Damiana realizou e representou deslocamentos,figurações e reconfigurações culturais.
Se, no contexto da colonização brasileira, a grande maioria das mulheres, especialmente as indígenas, não ganham visibilidade nos relatos históricos dos contatos das populações indígenas com o colonizador, o que podemos pensar sobre aquele contexto para ter invertido essa lógica no caso de Damiana?
Exposição Imaginar os Sertões de Damiana da Cunha
Um dos objetivos da proposta é criar um circuito expositivo que reconte a história de Damiana da Cunha, pela primeira vez, pelo olhar de mulheres indígenas, quilombolas, benzedeiras e mestras da tradição oral
Foram selecionadas 12 mulheres que durante o mês de Setembro participaram de um percurso de oficinas de artes visuais pensadas a partir do uso de recursos audiovisuais, musicais, poéticos e de uma pesquisa bibliográfica sobre Damiana da Cunha. As oficinas foram realizadas a partir de uma metodologia que destaca a importância da escuta, do encontro com os saberes tradicionais e das narrativas de cada artista selecionada, buscando ampliar as complexidades das identidades e narrativas sobre Damiana da Cunha.
Representar a condição ambígua e fronteiriça de Damiana da Cunha, situada no dilema entre ser uma Caiapó e ser afilhada do governador da província, entre as aldeias Caiapó e a casa do governador de Vila Boa, ressaltando as viagens / incursões que fez aos sertões interiores, às aldeias do seu povo, para colaborar com o empreendimento colonial, trazendo os Caiapó para os aldeamentos próximos da capital da província;
A exposição Imaginar os Sertões de Damiana da Cunha estará aberta a visitação no pátio do Museu das Bandeiras – Cidade de Goiás – de Outubro a Dezembro de 2021. Para mais detalhes, preencha seus dados clicando AQUI e iremos te mandar a programação completa.
Para conhecer o CONCEITO CURATORIAL DA EXPOSIÇÃO com BIBLIOGRAFIA, clique AQUI.
AÇÃO EDUCATIVA – CICLO DE LIVES E DEBATES
De Setembro a Dezembro o CCUFG sediará, através do canal de Youtube da UFG Oficial, um ciclo de lives, conversatórios e debates em torno da personagem histórico de Damiana da Cunha, assim como lançamento da exposição on-line, bate-papo sobre expografia, desafios das mulheres indígenas na atualidade, arte e feminismo, etc. Convidamos para liderar esses momentos: nome de todas que irão participar.
Confira o calendário das lives, sempre ás 19h no Canal Youtube UFG Oficial:
• 29 de setembro – Lançamento do Projeto Diários de Viagem de Damiana da Cunha - LINK DA TRANSMISSÃO
• 13 de outubro - As redes afroindígen@fetivas
• 27 de outubro – Imaginar os Sertões de Damiana da Cunha - A exposição e experiências do processo.
• 03 de novembro - Os caminhos que saem da Aldeia e do Quilombo
• 10 de novembro - Diários imaginários: Identidade e visualidades - Lançamento da exposição virtual
• 24 de novembro – Mulheres Terra - Vivência e resistência na cidade - Olhares e vozes de Damiana Kaiapó
• 08 de dezembro - Guerra no Coração do Cerrado
• 15 de dezembro – Encerramento - A Resistência e a Fé em busca dos sonhos
FICHA TÉCNICA
Esse projeto foi aprovado no Edital de Fomento às Artes Visuais, edital 19-2018 do Fundo Estadual de Cultura de Goiás (FAC-GO)
Coordenação geral: Carolina Santos
Pesquisa e curadoria: Nei Clara de Lima
Projeto expográfico: Aluane de Sá e Nei Clara de Lima
Produção: Cecília Kanda
Oficinas de arte: Cássia Oliveira e Aia Oro Iara
Artistas:
Ádria Lopes
Ayanna Duran
Derci Felipe de Assis
Eunice da Rocha Moraes Rodrigues
Fabiana Francisca Santos
Fernanda Farias dos Santos
Maria das Graças Siqueira Campos
Marcelene Divina de Souza Camargo Cardoso
Marta Quintiliano
Nayara Gonçalves
Renata Caetano
Viviane Goulart
LIVES E AÇÃO EDUCATIVA
Aluane de Sá
Evelin Cristina Araujo
Holdry Oliveira
Josivânia Santos
Hellen Stephanye Rosa de Oliveira
Mirna Kambeba Omágua Yetê Anaquiri
Stefany Kambeba Omágua Yetê Anaquiri
Registro audiovisual: Elisa Di Garcia
Comunicação: Hillana Amaral
Parceiros: Centro Cultural UFG, Museu das Bandeiras e Casa de Ciça – Experiência e residência em arte
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Categorias: Programação