Imagem do flautista Pyero Talone

A Flauta Como Profissão: Pyero Talone dá detalhes sobre seu recital

Na sexta-feira, dia 21 de março, às 20h, Pyero Talone retorna a Goiânia para um recital no Centro Cultural UFG.

 

Texto: Iasmin Feitosa

 

Nascido em Goiânia, o flautista Pyero Talone tem uma trajetória marcada pela dedicação à música. Iniciou sua formação musical na Universidade Federal de Goiás (UFG), onde concluiu o bacharelado em flauta sob a orientação do professor Luís Carlos Furtado. Atualmente, é professor na Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde também coordena o projeto de extensão Grupo de Flautas da UECE, iniciativa voltada para a formação e difusão da música de câmara.

Na sexta-feira, dia 21 de março, às 20h, Pyero Talone retorna a Goiânia para um recital no Centro Cultural UFG. Ao lado do pianista Luiz Felipe Giunta, ele apresentará um programa que inclui obras de compositores como Clara Schumann, César Franck e Francis Poulenc. O repertório foi cuidadosamente escolhido para proporcionar ao público uma experiência musical inspiradora, explorando a riqueza sonora da flauta e do piano.

O recital, que tem entrada franca, promete uma noite de interpretação sensível, reunindo dois músicos experientes e apaixonados pela música de câmara. Com um repertório desafiador, Pyero Talone busca não apenas demonstrar sua técnica e expressividade, mas também inspirar o público a se conectar com a arte de forma mais profunda.

Pyero

O flautista respondeu algumas perguntas sobre como foi sua experiência construindo o recital que assistiremos na sexta-feira.

CC: Você poderia compartilhar conosco um pouco sobre o repertório que apresentará nesta sexta no Centro Cultural UFG?  

 

Pyero Talone: São peças que eu nunca havia tocado antes e que sempre considerei desafiadoras. Já concluí minha formação acadêmica, mas sentia que essas obras ainda faltavam no meu repertório e, de certa forma, tinha receio de tocá-las. Duas delas foram originalmente compostas para violino e piano, mas há muitos anos passaram a ser interpretadas por outros instrumentos também. São os Três Romances, de Clara Schumann, e a Sonata para Violino e Piano, de César Franck. São obras extremamente exigentes, tanto musical quanto tecnicamente, e demandam muito fisicamente do intérprete, exigindo resistência para serem executadas do início ao fim. Além delas, também apresentaremos a Sonata de Francis Poulenc, que já é um repertório mais familiar para nós, flautistas.

 

Como você e o Luiz Felipe Giunta se conheceram e por que decidiram se apresentar juntos?

 

Nos conhecemos quando eu fazia graduação na UFG (Universidade Federal de Goiás). Na época, o Luiz Felipe era técnico pianista da Escola de Música. Esse profissional é contratado para acompanhar outros instrumentistas, e durante minha graduação tive várias oportunidades de tocar com ele, tanto em provas quanto em recitais. Alguns anos depois, ele entrou em contato comigo perguntando se eu teria interesse em fazermos um recital juntos, e eu aceitei imediatamente, pois sempre gostei muito de tocar com ele.

 

O que você espera que o público leve consigo após assistir à sua apresentação? 

 

Eu gostaria que o público saísse inspirado, com vontade de consumir e produzir mais arte. Esse é o sentimento que eu gosto de ter quando assisto a qualquer manifestação artística, pois sinto que isso renova minha própria música. Para outros artistas, espero que desperte essa vontade de criar. Já para o público em geral, espero que saiam inspirados para a vida.

 

Como você se prepara para uma apresentação ao vivo? Existe algum ritual ou prática específica que você segue?  

 

Aprendi com uma professora nos Estados Unidos a evitar café no dia da apresentação, o que é um desafio para mim, pois gosto muito de café. Mas percebi que ele aumenta minha ansiedade antes dos concertos, então procuro não consumi-lo nesses dias. Também evito estudar excessivamente no dia da apresentação para chegar descansado. Antes de entrar no palco, costumo meditar e fazer alguns alongamentos para relaxar.

 

Você tem algum compositor ou peça favorita que sempre busca incluir em suas apresentações?

Tenho uma grande afinidade com os compositores franceses. No recital de sexta, tocaremos duas peças que estão entre as minhas favoritas: a Sonata de Poulenc, que possui três movimentos muito interessantes e explora bem os timbres da flauta, e a Sonata de César Franck, que, para mim, representa o ápice da música romântica.

 

Como acontece a seleção de um repertório quando se está tocando em dupla?

 

Primeiro, discutimos se deveríamos repetir peças que já havíamos tocado anteriormente. Poderíamos ter optado por isso, mas decidimos que queríamos explorar um repertório novo, tanto para mim quanto para ele. Fomos nos consultando ao longo do processo e sugerindo obras um ao outro até chegarmos ao programa final.

 

Ao final da entrevista, Pyero Talone destacou um detalhe interessante sobre a Sonata de César Franck, a última peça do recital. Ele explicou que se trata de uma sonata cíclica, o que significa que o mesmo tema aparece nos quatro movimentos, mas trabalhado de formas diferentes, variando em ritmo e tonalidade.

Com esse repertório, o recital de Pyero Talone e Luiz Felipe Giunta promete uma noite de grande expressividade musical. O programa será composto pelas seguintes obras:

Clara Schumann (1819-1896)
Três Romances, Op. 22 (1853)
I. Andante molto
II. Allegretto: Mit zartem Vortrage
III. Leidenschaftlich schnell

Francis Poulenc (1899-1963)
Sonata para Flauta e Piano (1958)
I. Allegro malinconico
II. Cantilena
III. Presto giocoso

César Franck (1822-1890)
Sonata para Violino e Piano (1886)
I. Allegretto ben moderato
II. Allegro
III. Recitativo-Fantasia: Ben moderato — Molto lento
IV. Allegretto poco mosso

Com um repertório expressivo, a apresentação será uma oportunidade única para o público apreciar a riqueza da música de câmara.