Janelas Múltiplas abre espaço para diálogos artísticos no CCUFG
Entre 11 e 13 de setembro, encontro internacional reuniu artistas, coletivos e pesquisadores em uma programação gratuita de oficinas, rodas de conversa, exposições e música.
Por: Mateus dos Santos
O Janelas Múltiplas – Encontro Internacional de Artistas do CCUFG abriu suas portas em Goiânia nos dias 11, 12 e 13 de setembro de 2025. Realizado no Centro Cultural UFG, o evento teve entrada gratuita em todas as atividades e reuniu um público diverso em rodas de conversa, oficinas, apresentações de portfólios, exposições e uma apresentação musical do Regional Taioba, grupo de chorinho da EMAC/UFG. A abertura oficial ocorreu no dia 11, às 13h30, e as atividades se estenderam até o dia 13, sempre em horários acessíveis ao público.
O encontro criou um espaço de compartilhamento de saberes e fazeres artísticos, reunindo artistas, pensadores, estudantes e a comunidade em geral em um ambiente de trocas, diálogos e experimentações. Inspiradas em metáforas do Cerrado, as chamadas “trilhas curatoriais” funcionaram como guias poéticos e conceituais para cada dia do evento: a Trilha das Pedrinhas Brancas discutiu processos criativos autobiográficos e decoloniais; a Trilha das Águas Verdes investigou o ateliê como nascente criativa; e a Trilha Fogo-Pagô foi dedicada aos coletivos artísticos e ao papel dos espaços universitários como ecossistemas.
Com coordenação geral da artista e pesquisadora Maria Tereza Gomes, o Janelas Múltiplas reuniu nomes de relevância nacional e internacional, além de jovens artistas em formação, compondo um mosaico das práticas artísticas contemporâneas. Entre os participantes das rodas de conversa estiveram Divino Sobral, artista e curador de destaque no cenário goiano e brasileiro; Wolney Fernandes, fotógrafo e organizador do Festival Internacional de Fotografia de Goiânia; a Colectiva La Maricada, de Honduras, que trouxe uma potente perspectiva latino-americana sobre arte, gênero e resistência; e o artista equatoriano Ruslán Torres, ampliando o diálogo entre diferentes contextos culturais.

Foto: Júlia Evellyn
Além desses nomes, o evento contou com a participação de Adriana Mendonça, que explora corpo e memória em suas pesquisas; Fernanda Porto, cantora e compositora de referência na música brasileira contemporânea; Flávia Cruvinel, pesquisadora e educadora musical da UFG; e coletivos como o Arapuá e o Movi, voltados para poéticas compartilhadas e práticas colaborativas. A diversidade da programação garantiu espaço para diferentes linguagens — das artes visuais à música, passando pela performance, pela crítica e pela curadoria.
As oficinas também se destacaram ao aproximar o público dos processos criativos de artistas como Carlos Catini, ligado ao desenho e à gravura; Célia Gondo, pesquisadora da cerâmica; Polly Duarte, artista da dança e da improvisação; e o próprio Ruslán Torres, com práticas híbridas que conectaram arte e sociedade. Já as apresentações de portfólios revelaram jovens talentos como Hortência Moreira e Glayson Arcanjo, além da presença de nomes consagrados como Selma Parreira, pintora goiana de trajetória consolidada, e Zè César, artista que transita entre fotografia, colagem e arte urbana.
Foto: Júlia Evellyn
As exposições assinadas por Mateus Pires e Sérgio Soares complementaram o percurso visual do encontro, criando espaços de reflexão e fruição estética. Para o encerramento, a apresentação musical do Regional Taioba conectou a programação à tradição popular, estabelecendo pontes entre linguagens artísticas diversas.
Mais do que um evento, Janelas Múltiplas se consolidou como uma experiência de imersão no pensamento artístico contemporâneo. O encontro promoveu não apenas a exibição de obras, mas também a abertura de processos, partilhas e conversas que evidenciaram o fazer artístico como prática coletiva, processual e porosa. Essa perspectiva tornou o público parte integrante da experiência, deslocando a arte de um espaço de contemplação distante para um ambiente de troca viva.
Ao reunir artistas consagrados, coletivos atuantes e jovens em formação, o Centro Cultural UFG reafirmou seu papel como espaço de experimentação e pensamento crítico. O Janelas Múltiplas não apenas ampliou os horizontes da arte em Goiás, mas também fortaleceu conexões internacionais, consolidando uma rede de diálogos entre artistas, pesquisadores e comunidade em torno da criação.
Mateus dos Santos é estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás e estagiário de comunicação no Centro Cultural UFG. Atua com produção de conteúdo e cobertura jornalística de eventos culturais.
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