
“Somos Uma”: espetáculo da Anhuma Tribal celebra conexões por meio da dança
Primeira obra autoral da companhia foi apresentada no Teatro do Centro Cultural UFG, unindo tradição e contemporaneidade em uma experiência gratuita e acessível ao público
Por: Mateus dos Santos
No dia 30 de setembro de 2025, o Teatro do Centro Cultural UFG, em Goiânia, recebeu o espetáculo “Somos Uma”, primeira obra autoral da Companhia Anhuma Tribal. A apresentação, com entrada gratuita e acessibilidade em Libras, reuniu público diverso e emocionado, oferecendo uma experiência única que foi além da contemplação estética: uma travessia sensível pelas conexões entre mulheres, culturas e histórias que se entrelaçam no tempo.
Mais do que um espetáculo de dança, “Somos Uma” se mostrou um convite à reflexão sobre a força do coletivo e sobre como a arte pode se tornar elo entre diferentes experiências de vida. Em cena, os corpos ganharam voz para falar de identidade, memória e pertencimento, revelando uma dança que nasce da escuta e se estende até a plateia.
Fotos:Murilo Heindrich
A inspiração do projeto
Antes da estreia, a produtora Larissa Elias já destacava o desejo coletivo que deu origem à criação da obra:
“A Anhuma Tribal é a única companhia de dança em Goiás que trabalha a linguagem do Estilo Tribal: uma modalidade contemporânea que une dança do ventre, flamenco e danças indianas e cria uma nova forma de arte. [...] Queríamos levar essa descoberta e encantamento para o público também. A obra nasce, então, de um desejo coletivo das integrantes de representar em cena toda a potência que emerge quando vivenciamos essa forma de arte, pautada na conexão: entre mulheres, entre culturas, entre histórias.”
No palco, esse propósito ficou evidente. Cada gesto, solo ou formação coletiva revelava a busca de costurar caminhos entre o individual e o coletivo, mostrando como a dança pode ser espaço de pertencimento e coragem.
Conexões em cena
As influências do Estilo Tribal — dança do ventre, flamenco e danças indianas — foram mescladas com pesquisa e cuidado. Essa escolha, segundo Larissa, está diretamente ligada a um olhar crítico sobre a apropriação cultural:
“Como as danças de referência do Estilo Tribal são tradicionais e fazem parte da cultura dos povos onde surgiram, essa mescla, atravessada pela realidade ocidental contemporânea, deve ser feita com muita responsabilidade, pesquisa e respeito, buscando um olhar decolonial nesse fazer artístico.”
Essa perspectiva trouxe densidade à apresentação. O público pôde testemunhar um espetáculo que não apenas encantava pelo mistério e pela beleza, mas que também provocava reflexão sobre pertencimento e sobre como diferentes tradições podem dialogar sem perder sua essência.
A relevância da estreia no CCUFG
Apresentar-se em um espaço como o Teatro do Centro Cultural UFG também foi parte fundamental da experiência:
“Apresentar Somos Uma no Teatro do Centro Cultural UFG tem grande relevância cultural e social. [...] A gratuidade da entrada é essencial para democratizar o acesso ao espetáculo e possibilita que diferentes públicos, inclusive aqueles que raramente frequentam teatros, conheçam uma nova forma de arte. Mais do que entretenimento, trata-se de oferecer um espaço de reflexão e pertencimento, ampliando o alcance da arte como direito”, explica Larissa.
A escolha do local reforçou a importância de ampliar a visibilidade do Estilo Tribal no Brasil e consolidou o espetáculo como parte do repertório cultural goiano contemporâneo.
Fotos:Murilo Heindrich
Uma experiência irrepetível
Um dos pontos altos de “Somos Uma” foi o improviso coordenado em grupo, característica marcante do Estilo Tribal:
“Somos Uma é um espetáculo como o público nunca viu antes. [...] A cada apresentação, cria-se um espetáculo ÚNICO. Isso acontece porque parte da linguagem do Estilo Tribal é baseada no improviso coordenado em grupo, ou seja, não há coreografia. [...] O improviso em grupo é a base de muitas das cenas, que são compartilhadas com o público naquele momento em uma criação coletiva, sensível e ímpar”, afirma Larissa.
Essa dinâmica garantiu que a estreia fosse não apenas um marco para a Companhia Anhuma Tribal, mas também uma experiência singular para quem esteve presente: um espetáculo vivo, que se renova a cada instante.
No fim, “Somos Uma” cumpriu a promessa de ser mais do que dança: foi encontro, partilha e transformação. Um mosaico de memórias e identidades costurado pela arte, capaz de aproximar mundos distintos e deixar na plateia a sensação de pertencimento a essa teia coletiva.
Mateus dos Santos é estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás e estagiário de comunicação no Centro Cultural UFG. Atua com produção de conteúdo e cobertura jornalística de eventos culturais.
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