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Cajuzinhos do Cerrado abre Festivais Unificados da EMAC e inicia primeira turnê nacional

Concerto de lançamento no Centro Cultural UFG marcou o início da viagem do grupo goiano pelo Sul do Brasil, reunindo estudantes e professores em uma celebração de arte, educação e inclusão.

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O concerto da Orquestra Cajuzinhos do Cerrado, realiza no dia 8 de outubro de 2025, no Teatro do Centro Cultural UFG, marca a abertura oficial dos Festivais Unificados da EMAC e o início da primeira turnê nacional do Instituto. A parceria com a Universidade Federal de Goiás, por meio da Escola de Música e Artes Cênicas e do Programa Academia de Música, reforçou a importância institucional do evento, que reuniu familiares, amigos e comunidade em um momento de celebração coletiva.

Mais do que um ponto de partida simbólico, a noite demonstrou o amadurecimento artístico e pedagógico do Instituto Cajuzinhos do Cerrado, projeto social fundado em 2017 que oferece ensino gratuito de música para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade em Goiânia e Terezópolis de Goiás. No palco, 40 integrantes entre estudantes e professores apresentaram o repertório que será levado para outros estados, destacando tanto a identidade cultural goiana quanto a qualidade técnica e a coesão da orquestra.

Primeira turnê nacional: música goiana em Santa Catarina

Após a estreia em Goiânia, os Cajuzinhos seguem para uma intensa programação em Santa Catarina, entre os dias 15 e 18 de outubro de 2025. A agenda inclui participação no Festival TACTICTUM, concerto no tradicional Teatro Álvaro de Carvalho (Florianópolis), atividades educativas em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e apresentações em Palhoça e outras cidades da região.

Essa primeira turnê nacional representa um marco histórico para o Instituto: além de ampliar a visibilidade da música feita em Goiás, possibilita aos jovens músicos um intercâmbio cultural e formativo. O contato com públicos, festivais e universidades de outras regiões fortalece a autoestima, abre caminhos para a profissionalização e reafirma a missão do Instituto Cajuzinhos do Cerrado de transformar vidas por meio da arte.

 

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Fotos: Júlia Borges

 

Com uma trajetória marcada pela experimentação e pelo diálogo entre diferentes linguagens artísticas, Emerson Nazário e o Murilo Viana, os diretores artístico e pedagógico do espetáculo Cajuzinho, compartilham nesta entrevista os bastidores da criação e os caminhos que conduziram a obra até o público. Entre memórias, inspirações e escolhas estéticas, eles revelam o processo de construção de uma narrativa que busca emocionar e, ao mesmo tempo, afirmar a identidade cultural que move o projeto.

ENTREVISTA

Mateus dos Santos: Qual é o significado de abrir os Festivais Unificados da EMAC com o concerto da Orquestra Cajuzinhos do Cerrado?

Emerson Nazário: Esse concerto tem um significado muito especial para o Instituto, uma turnê muito esperada e programada por todos, abrir essa solenidade tão importante para a escola de música é um brinde em forma de agradecimento por todo o apoio que a EMAC/UFG fornece para nós do Instituto e para a comunidade musical.

Murilo Viana: Para nós, do Instituto, é motivo de muita alegria, pois este é um fruto da própria instituição, no âmbito do projeto de extensão, cuja missão é democratizar o acesso à música para toda a população. Para os jovens, trata-se de mais uma oportunidade de apresentar o que foi desenvolvido ao longo do semestre e de mostrar, por meio desta apresentação, todo o esforço e empenho dedicados durante os ensaios. Além disso, é uma ocasião para ajustar os detalhes da tão esperada turnê.

 

Mateus dos Santos: Como foi a preparação dos estudantes e professores para essa primeira turnê nacional e quais os maiores desafios enfrentados?

Emerson Nazário: O Trabalho é árduo, mas o caminho é gratificante e veremos o resultado de todo esse empenho nesse concerto do dia 8/10.

Murilo Viana: A preparação tem sido bastante intensa. Neste mês, ainda serão necessários alguns ensaios extras. Durante as aulas, estudantes e professores têm separado momentos específicos para auxiliar no repertório que será apresentado em Florianópolis e Palhoça. Acredito que o maior desafio seja chegar até lá com recursos próprios. No entanto, ao longo do caminho, sempre encontramos pessoas e parceiros dispostos a apoiar e tornar a vida das pessoas um pouco melhor. Para a maioria dos estudantes, esta será a primeira viagem para fora das cidades de Goiânia e Terezópolis. É uma oportunidade gigantesca, pois viajar fazendo o que se ama não traz recompensa maior.

 

Mateus dos Santos: De que forma o repertório escolhido traduz a identidade cultural do Instituto e, ao mesmo tempo, dialoga com o público do Sul do Brasil?

Emerson Nazário:O ensino de música nos traz as raízes da nossa cultura, podemos observar que esse repertório não só remete a Goiás ou ao sul do país mas toda a América Latina pulsante que é.

Murilo Viana:Para as apresentações no Sul, preparamos um repertório diversificado. Iniciamos com Haydn e Dvořák, mas também contemplamos obras de Moncayo e Heitor Villa-Lobos. Trazemos uma mistura cosmopolita, que reflete a diversidade do Brasil. Assim, apresentaremos músicas dos continentes americano e europeu. Do continente americano, destacamos a obra Huapango, do compositor mexicano José Pablo Moncayo. Essa peça, composta em 1941, é um ritmo folclórico característico do século XX. Outro destaque é o brasileiro Heitor VillaLobos, considerado o grande nacionalista. Ele inovou ao inserir a música na matriz curricular dos estudantes de sua época, com uma abordagem modernista e nacionalista que se distanciava do modelo europeu. Sua célebre obra O Trenzinho do Caipira, composta em 1930 e parte da Bachiana Brasileira n° 2, ilustra de forma viva os trens locais presentes no interior do Brasil, explorando diversas texturas e atmosferas. Do continente europeu, incluímos obras de Dvořák e Haydn. Entre elas, a famosa Humoresque (século XIX), um gênero romântico marcado pelo caráter fantasioso e bem-humorado. Finalizamos com Haydn, considerado o “pai do quarteto de cordas”. Seus seis quartetos marcaram a história da música, influenciando gerações de compositores pelos 200 anos seguintes.

 

Mateus dos Santos: Qual o impacto esperado dessa experiência para os jovens músicos e para a consolidação do Instituto Cajuzinhos do Cerrado como referência na educação musical em Goiás?

Emerson Nazário: Nós do instituto estamos extremamente focados nessa turnê, o impacto será o mais terno possível, mostrando que a música não é somente algumas notas em harmonia, mas todo o carinho e preocupação com todas as áreas da nossa sociedade, principalmente dos mais carentes economicamente e socialmente, trazendo afeto e conforto para todos.

Murilo Viana:Acredito que os alunos que participarão desta primeira turnê não serão os mesmos quando retornarem ao nosso estado. Embora a imersão dure apenas uma semana, o impacto será imenso. Eles terão contato com uma cultura e costumes diferentes, mas sempre unidos pelo idioma universal: a música. Este é um marco, pois os participantes estarão perpetuando sua trajetória em uma experiência que acreditamos ser a primeira de muitas turnês futuras. Afinal, acreditamos na música como uma verdadeira ferramenta de transformação.

 

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Fotos: Júlia Borges

 

A entrevista com Emerson Nazário e Murilo Viana evidencia a força transformadora da música e o impacto que a Orquestra Cajuzinhos do Cerrado tem na formação de jovens talentos. Ao destacar a importância de abrir os Festivais Unificados da EMAC, os diretores revelam não apenas o rigoroso preparo da turnê nacional, mas também o sentido de pertencimento e de afirmação cultural que atravessa cada apresentação. O repertório, que transita entre compositores clássicos europeus e vozes marcantes da América Latina e do Brasil, reflete essa identidade plural e reafirma o papel do Instituto como referência em educação musical.

O público é convidado a prestigiar o concerto da Orquestra Cajuzinhos do Cerrado no dia 8 de outubro, dentro da programação dos Festivais Unificados da EMAC/UFG. Será uma oportunidade única de vivenciar a sensibilidade e o talento desses jovens músicos, que levam ao palco não apenas a excelência artística, mas também a esperança e a paixão que transformam vidas através da música.

 

📅 Data: 08 de outubro de 2025
Horário: 20h
📍 Local: EMAC/UFG – Escola de Música e Artes Cênicas
🎶 Atração: Orquestra Cajuzinhos do Cerrado
🎟 Entrada: Gratuita

Categorias: Teatro CCUFG Concerto música CCUFG