Tocantins em Concerto leva emoção e tradição ao palco do CCUFG
A Orquestra Viva Música, acompanhada por cantores regionais, apresentou repertório que valoriza a cultura tocantinense e promove ações educativas nos Festivais Unificados da EMAC/UFG.
Por: Mateus dos Santos

O grupo Tocantins em Concerto – Orquestra Viva Música apresentou-se na noite de 21 de outubro, no Teatro do Centro Cultural UFG, em um dos momentos mais emocionantes dos Festivais Unificados da EMAC/UFG. O teatro, completamente lotado, recebeu com entusiasmo os músicos e cantores vindos do Tocantins, em uma celebração que uniu arte, educação e intercâmbio cultural entre estados. A presença da orquestra em Goiânia simbolizou um gesto de encontro entre a Universidade Federal do Tocantins (UFT) e a Universidade Federal de Goiás (UFG), reafirmando o papel das universidades públicas como espaços de criação e difusão da cultura brasileira. Desde os primeiros acordes, o público percebeu que estava diante de uma apresentação especial — repleta de emoção, beleza e pertencimento.
Com uma performance que equilibrou rigor técnico, sensibilidade e forte identidade regional, o Tocantins em Concerto apresentou um programa que passeou entre o repertório erudito e o popular, revelando a versatilidade e a força expressiva do conjunto. A sonoridade orquestral foi enriquecida pela presença marcante de Braguinha Barroso, Lucimar, Dorivã Borges e Juraildes da Cruz, quatro vozes consagradas da música tocantinense que emocionaram o público com interpretações intensas e cheias de poesia. Cada canção foi recebida com aplausos entusiasmados, e os arranjos criaram uma atmosfera envolvente, onde a tradição e a contemporaneidade se encontraram de forma harmoniosa. A integração entre orquestra e solistas mostrou um trabalho artístico de alto nível, que valoriza o diálogo entre o popular e o acadêmico sem perder o calor humano das raízes culturais do norte do Brasil.
O clima no Teatro do CCUFG era de encantamento. A plateia, composta por estudantes, professores, artistas e admiradores da boa música, acompanhou cada momento com atenção e emoção, reagindo com sorrisos, lágrimas e aplausos calorosos. A iluminação suave e o cuidado cênico ressaltaram ainda mais a beleza das execuções, transformando o concerto em uma verdadeira experiência sensorial. A cada nova peça, o público parecia mergulhar mais fundo no universo sonoro apresentado pela orquestra — um universo de cores, ritmos e afetos que traduzem o espírito do Tocantins. Ao final, os aplausos demorados e as manifestações de gratidão resumiram a dimensão daquele encontro: mais do que uma apresentação, foi uma celebração da arte e da força coletiva da música. A passagem do Tocantins em Concerto – Orquestra Viva Música pelos Festivais Unificados da EMAC/UFG ficará marcada como um dos momentos mais belos e simbólicos do evento, reafirmando o poder da música de unir pessoas e histórias em torno de um mesmo sentimento de pertencimento e encantamento. Conversamos com o coordenador do projeto Bruno Barreto, e ele nos contou um pouco sobre a Orquestra e toda sua história:

Foto: orquestravivamusica/Instagram
FORÇA
Para o coordenador Bruno Barreto, o repertório do Tocantins em Concerto nasce da força simbólica e afetiva da canção regional tocantinense, profundamente enraizada nas vivências, paisagens e sentimentos do povo do estado. Ele destaca que cada música escolhida para o concerto carrega em si uma narrativa, um fragmento da memória coletiva e da espiritualidade de uma terra marcada por contrastes e poesia. “As músicas de artistas como Juraildes da Cruz, Dorivã, Braguinha Barroso, Lucimar e Genésio Tocantins retratam o cotidiano, o território e a alma do nosso povo”, afirma. Essas obras, segundo ele, são um espelho da identidade tocantinense, refletindo tanto a simplicidade das tradições locais quanto a profundidade simbólica que faz da arte um canal de pertencimento.
Ao transportar essas canções para o universo orquestral, o grupo realiza um trabalho de ressignificação que mantém viva a essência das composições originais, ao mesmo tempo em que amplia sua dimensão estética. Bruno explica que o projeto busca “falar do Tocantins através da música”, mostrando a potência da cultura popular em diálogo com a linguagem acadêmica e instrumental. A orquestra não se limita a reproduzir canções conhecidas — ela as transforma em paisagens sonoras complexas, em arranjos que revelam novas nuances e significados. O resultado é uma celebração da cultura tocantinense em toda a sua amplitude, em que tradição e contemporaneidade se unem em harmonia.
DIÁLOGO
Ao refletir sobre o equilíbrio entre a música clássica e os ritmos regionais, Bruno Barreto destaca que a principal preocupação do Tocantins em Concerto é o respeito às características idiomáticas de cada compositor. Para ele, a orquestra não deve se impor sobre o repertório popular, mas sim atuar como parceira, como um meio de amplificar as vozes e as histórias contidas nas canções. “Nosso objetivo não é que a orquestra se sobreponha aos artistas regionais, mas que ela dialogue com eles”, explica. Essa postura cuidadosa resulta em arranjos que preservam a melodia e a poesia originais, ao mesmo tempo em que exploram a textura e a profundidade harmônica próprias da música de concerto. A proposta é criar pontes entre dois mundos que, embora diferentes em linguagem, compartilham a mesma essência emocional.
O público percebe esse diálogo de forma clara nas apresentações. A fusão entre os instrumentos sinfônicos e as vozes populares cria uma sonoridade única, capaz de emocionar tanto quem vem da tradição erudita quanto quem se identifica com a canção regional. Bruno ressalta que a orquestra trabalha para encontrar um ponto de equilíbrio entre a delicadeza do arranjo e a força da expressão popular, e que cada nova performance é também um exercício de escuta e sensibilidade coletiva. Assim, o Tocantins em Concerto reafirma que o erudito e o popular não são opostos, mas complementares — duas linguagens que, quando unidas, revelam a riqueza e a complexidade da música brasileira.
EXTENSÃO CULTURAL
A parceria com a Universidade Federal do Tocantins (UFT) é um dos pilares estruturais e conceituais do projeto, e, segundo Bruno Barreto, é dessa relação que o Tocantins em Concerto tira boa parte de sua força e vitalidade. “Muitos músicos da Orquestra Viva Música são egressos ou estudantes da UFT, e toda a concepção artística do projeto está vinculada às ações de extensão e formação musical da universidade”, afirma. A universidade tem sido um espaço fértil para o desenvolvimento de novos talentos e para a consolidação de uma cena musical regional, onde o ensino, a pesquisa e a criação se encontram em diálogo constante. Essa interação entre academia e prática artística transforma a orquestra em um verdadeiro laboratório de experiências sonoras e pedagógicas.
Bruno ressalta que essa conexão com a UFT reforça o papel da universidade pública como agente transformador e democratizador do acesso à cultura. O projeto nasce dentro de uma estrutura de ensino que valoriza a formação humana e artística, e se expande para a comunidade por meio de concertos, ações formativas e atividades de extensão. A Orquestra Viva Música, nesse contexto, cumpre uma função que vai além da performance: ela representa o resultado visível de políticas de incentivo à arte e à educação, mostrando como o ambiente acadêmico pode produzir impacto real na vida cultural e social das pessoas. O Tocantins em Concerto, portanto, é também um testemunho da força das universidades como espaços de criação, resistência e esperança.
EDUCAÇÃO
Para Bruno Barreto, o caráter educativo é uma das dimensões mais significativas do Tocantins em Concerto – Orquestra Viva Música. Além das apresentações, o grupo realiza oficinas e masterclasses voltadas à formação de jovens músicos, estudantes e professores, criando oportunidades de aprendizado e trocas artísticas. “As oficinas possibilitam o encontro direto com estudantes, educadores e novos artistas, fortalecendo o caráter formativo do projeto”, explica. Nessas atividades, os integrantes da orquestra compartilham conhecimentos técnicos e experiências vividas, estimulando o desenvolvimento de novas gerações de artistas. O processo é colaborativo e afetuoso, valorizando tanto a prática musical quanto a escuta e o aprendizado coletivo.
Essas ações têm se mostrado fundamentais para o fortalecimento da educação musical no Tocantins e em outras regiões do país. Ao circular por diferentes cidades, o projeto leva a música para além dos palcos e promove a inclusão cultural de comunidades que muitas vezes não têm acesso a atividades artísticas de qualidade. Bruno destaca que a missão do Tocantins em Concerto é formar não apenas músicos, mas cidadãos sensíveis e críticos, conscientes do papel da arte na construção de uma sociedade mais justa e humana. Assim, o projeto reafirma sua essência transformadora: fazer da música um instrumento de diálogo, formação e esperança — um caminho que une ensino, criação e emoção em uma mesma experiência coletiva.

Foto: orquestravivamusica/Instagram
A entrevista com Bruno Barreto evidencia como o Tocantins em Concerto – Orquestra Viva Música consegue equilibrar tradição e inovação, unindo a riqueza da música popular tocantinense à sofisticação da linguagem orquestral. Através do diálogo com compositores e cantores regionais, do respeito à identidade cultural e da integração com a Universidade Federal do Tocantins, o projeto reafirma a importância da música como instrumento de expressão, memória e formação. A dimensão educativa, por meio de oficinas e masterclasses, reforça a atuação social e pedagógica do grupo, tornando cada concerto uma experiência que vai além da plateia, alcançando estudantes, músicos e comunidades em diferentes contextos.
O público que acompanhou a apresentação no Teatro do CCUFG, completamente lotado, teve a oportunidade de vivenciar não apenas a performance musical, mas também a força simbólica de um projeto que conecta arte, educação e cultura regional. Para quem deseja continuar acompanhando o Tocantins em Concerto e outras atrações dos Festivais Unificados da EMAC/UFG, a programação segue oferecendo concertos, apresentações e atividades formativas no Centro Cultural, celebrando a música em todas as suas dimensões e convidando a comunidade a se engajar nessa verdadeira festa da cultura e da educação musical.

Mateus dos Santos é estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás e estagiário de comunicação no Centro Cultural UFG. Atua com produção de conteúdo e cobertura jornalística de eventos culturais.
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