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CCUFG 15 anos: memória, criação e futuro em movimento

Um tributo à trajetória do Centro Cultural da UFG, que transformou um galpão em referência artística, acadêmica e afetiva para Goiânia.

Por: Mateus dos Santos

 

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Há quinze anos, no coração da Praça Universitária, a Universidade Federal de Goiás inaugurava um novo capítulo de sua história cultural. Em 9 de dezembro de 2010, um antigo galpão de ensaios — com piso gasto, cheiro de óleo, paredes de oficina — abriu espaço para que surgisse ali o Centro Cultural UFG (CCUFG), um dos mais importantes equipamentos culturais públicos do Estado. Seu nascimento não foi apenas arquitetônico: foi simbólico. Representou o desejo da UFG de democratizar o acesso à arte, integrar universidade e sociedade e criar um lugar onde memória, criação e encontro pudessem conviver todos os dias.

 

galpãoAntigo Galpão de artes da UFG

 

O CCUFG é um órgão suplementar da Universidade Federal de Goiás, vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC). Desde sua origem, sua missão institucional tem sido reunir, documentar, conservar, expor e apresentar atividades artísticas e culturais, estabelecendo conexões entre produtores culturais, pesquisadores, estudantes e o público em geral. A inauguração integrou as comemorações dos 50 anos da UFG e apresentou ao público a exposição Arte Contemporânea – Acervo UFG, com curadoria de um dos idealizadores e primeiro diretor do Centro Cultural, o artista Carlos Sena Passos. A partir dali, um novo cenário se abria para a arte contemporânea goiana.

A revitalização do antigo galpão, projetada pelo arquiteto Fernando Simon, transformou a simplicidade industrial em um espaço moderno, funcional e cheio de personalidade. As galerias brancas, o teatro modular de estética black box, o pátio multiuso, a sala de ação educativa e a reserva técnica que abriga parte do acervo tornam o CCUFG um espaço vivo, capaz de ser reinventado a cada projeto, a cada artista, a cada ocupação. Ali, a arquitetura não apenas acolhe a arte: ela a provoca.

Mas são as pessoas quem realmente fazem o Centro Cultural respirar. Iluminadores, sonotécnicos, cenotécnicos, museólogos, produtores, mediadores, coordenadores e toda a equipe técnica e administrativa formam o motor invisível que sustenta cada exposição, cada espetáculo, cada encontro com o público. Conhecem cada ruído da galeria, cada silêncio do teatro, cada detalhe que faz da experiência artística algo transformador. O CCUFG é concreto, mas é também cuidado.

Ao longo de seus quinze anos, o espaço construiu uma trajetória marcada pela diversidade de expressões: exposições de artes visuais, temporadas de teatro e dança, concertos, festivais, oficinas, encontros de pesquisa, lançamentos literários, recebendo desde artistas consagrados até jovens em formação. As ações educativas ampliaram ainda mais esse alcance, aproximando crianças, jovens e adultos das práticas artísticas e do acervo. No CCUFG, perguntas importam tanto quanto respostas, e olhar para uma obra sempre abre outra fresta possível.

 

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PROGRAMAÇÃO DE ANIVERSÁRIO

Para celebrar essa história, o Centro Cultural UFG preparou uma programação especial que traduz sua própria identidade: plural, aberta, inventiva e profundamente conectada com a cidade.

As comemorações começam no dia 6 de dezembro, às 20h, com o concerto Allegro – Cristian Budu, que inaugura oficialmente o ciclo de eventos dos 15 anos. No texto produzido para o espetáculo, lembramos que “o programa homenageia o repertório brasileiro e cria um diálogo com peças do repertório tradicional europeu – de Chopin, Debussy e Schumann – que conversam com Camargo Guarnieri, Villa-Lobos e Brasílio Itiberê”. Uma síntese perfeita do que o CCUFG representa: uma ponte entre tradições, linguagens e mundos.

No dia 8 de dezembro, a partir das 18h, o público é convidado a ocupar o pátio e celebrar com dois shows gratuitos. A noite começa com a banda Cajuzinho do Cerrado, grupo que mistura ritmos regionais, poesia popular e a irreverência musical que marca a cena goiana contemporânea. Logo depois, o palco recebe a Banda Pequi, um dos projetos mais emblemáticos da EMAC/UFG e referência nacional na música instrumental universitária. É a energia coletiva de Goiânia celebrando com quem sempre fez parte dessa história.

As celebrações culminam no dia 12 de dezembro, às 19h, com a abertura da exposição O VOLUME DA CHUVA É QUE DECIFRA O DILÚVIO: diálogos contemporâneos no acervo CCUFG, com curadoria de Paulo Duarte-Feitoza. Inspirada em um verso do poema Vaga litúrgica, de Pio Vargas, a exposição pensa o acervo como um organismo vivo — um campo de relações que se transforma, se acumula e se reinventa, tal como a chuva que anuncia e decifra o dilúvio. Seis artistas foram convidados a dialogar diretamente com obras do acervo e criar peças inéditas que passam a integrar o patrimônio artístico do Centro Cultural. Ao lado deles, um conjunto de artistas fundamentais da coleção compõe a mostra, reafirmando a força do acervo da UFG para Goiás e para o Brasil.

Celebrar quinze anos do Centro Cultural UFG é celebrar também a cidade que o acolhe, os artistas que o atravessam e o público que o transforma a cada visita. É reconhecer que ali, onde antes existia apenas um galpão, hoje existe um lugar de memória, criação e futuro. Um lugar onde a arte se renova, onde as histórias se encontram e onde as pessoas constroem — juntas — novos sentidos para o mundo.

Ao completar quinze anos, o CCUFG simboliza não apenas a maturidade de um projeto, mas a continuidade de um compromisso. A homenagem celebra os caminhos já percorridos e, ao mesmo tempo, aponta para o futuro: um futuro em que o acervo continue sendo ativado, estudado e expandido; em que artistas encontrem aqui um território fértil para criar; em que a comunidade se reconheça nesse espaço como parte dele.

Hoje, o Centro Cultural é mais do que um equipamento cultural: é um arquivo vivo da cidade, um laboratório de invenções, uma sala de aula expandida, uma praça de encontros. É o testemunho de que a arte, quando cultivada com cuidado e responsabilidade pública, é capaz de construir histórias que permanecem — histórias que, como a chuva, se acumulam, atravessam épocas, tocam subjetividades e transformam o mundo ao redor.

Parabéns, CCUFG.
São 15 anos criando cena, memória e movimento.
E o próximo ato já começou.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mateus dos Santos Alves

Mateus dos Santos é estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás e estagiário de comunicação no Centro Cultural UFG. Atua com produção de conteúdo e cobertura jornalística de eventos culturais.

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